segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Desprezo o materialismo porque

Atribuímos demasiada importância ao que somos, fomos e poderíamos ter sido, ao que sentimos ou ao que esquecemos, ao que falamos e ao que calamos, ao que rimos ou que choramos, ao que sabemos e ao que ignoramos, ao que lemos e ao que devolvemos à estante ... É bom não esperar nada dos outros seres humanos (ou de nós) e ter a mochila suficientemente leve para a pôr aos ombros e ir até ao porto/aeroporto/gare mais próximo sem lamentar o que se deixa para trás ... Sair de casa não é uma fuga, é apenas uma mudança de morada ...

PS: Daqui se percebe que não concordo com o Whittier, quando ele diz: "De todas as palavras tristes que escorrem da língua ou da pena. As mais tristes são: 'podia ter sido'" ... Revejo-me antes no Rabelais: "Devo muito; não tenho nada. Dou o que resta aos pobres"

Como é belo o oriente

Em japonês, a palavra para masturbação masculina é senzuri (mil vezes para cima e para baixo), a variante feminina é manzuri (dez mil vezes para cima e para baixo). Conclusão: as mulheres japonesas ou têm falta de jeito ou demasiado tempo livre ...

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Desprezo a religião porque …

Pressionado a dar respostas e soluções aos problemas postos pelo meio, o homem primitivo construiu uma explicação sobrenatural do mundo, ao mesmo tempo procurou actuar sobre a natureza através de processos mágicos. Como escreveu Lévi-Strauss o objecto do mito é fornecer um modelo lógico para resolver uma contradição da vida quotidiana.

O mito surge assim como uma necessidade de resposta ao problema do sentido do real. Surgem deuses e outras forças sagradas, fantasias que nascem na imaginação dos homens e que reflectem os seus sentimentos de medo, as suas angústias e frustrações. O mito torna-se então uma linguagem, uma das formas de manifestação do pensamento simbólico, sendo por isso um primeiro esboço de um real interpretado e organizado à medida do homem, como a Vénus de Willendorf, a deusa mãe primordial.

Das cavernas de Altamira e Lascaux à época coeva, ora desempenhando uma função mítico-mágica, ora funções lúdicas, de intervenção, etc., a arte torna-se a expressão do homem imaginário e imaginante. Como explicou Bachelard pretende-se que a imaginação seja a faculdade de formar imagens. Ela é antes a faculdade de deformar as imagens fornecidas pela percepção.

Em todas as sociedades arcaicas constata-se a existência de um mito primordial cuja preocupação é explicar a origem do mundo através da passagem de uma desordem e multiplicidade - o caos, à organização e ordem - o cosmos; assim como na época clássica, a tragédia grega reflectirá o conflito entre a ordem de Apolo e a desmesura de Dionísio. Malinowski disse magia e religião são semelhantes. Ambas surgem e funcionam em situações de tensão emocional, ambas permitem fugas a situações e obstáculos que não apresentam outra saída além das permitidas pelo ritual e pela crença do sobrenatural, ambas se baseiam em tradições mitológicas, ambas existem na atmosfera do milagroso e ambas são cercadas por tabus e práticas que separam os seus actos do mundo profano.

Sem lugar para a religião, deixo que coexistam em mim o Homo Sapiens e o Homo Demens, o sábio e o louco. Mas também o produtor e o técnico, o construtor, o ansioso, o gozador, o estático, o instável e o subjectivo, o imaginário e o imaginante, o crítico, o neurótico, o erótico, o úbrico, o céptico, o destruidor, o consciente, o inconsciente e o racional.

E pronto ... Para primeira amostragem do meu "eu" já chega ...

segunda-feira, 9 de agosto de 2010